terça-feira, julho 04, 2006

Pérolas


Para além dos mais ou menos clássicos erros de ortografia, infelizmente tão corriqueiros nas nossas revistas e jornais, vêm com frequência a público outro tipo de “erros” que poderiam até divertir-nos se o caso não fosse tão grave. E nem sequer é necessário estar com muita atenção para darmos com algumas das calinadas lidas e ouvidas na comunicação social. Como as que se seguem:

"Os sete artistas compõem um trio de talento”
"O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido"
"O aumento do desemprego foi de 0% o mês passado"
"Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça"
"O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vitimas"
"O acidente foi no tristemente célebre Rectângulo das Bermudas"
"Quatro hectares de trigo foram queimados. Em principio trata-se de um incêndio"
"Os nossos leitores nos desculparão por este erro indesculpável"
"A vítima foi estrangulada a golpes de faca"
"Esta nova terapia traz esperança a todos aqueles que morrem de cancro a cada ano."
"Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva."
"À chegada da policia, o cadáver encontrava-se rigorosamente imóvel."

O que mais me aflige não são as “pérolas” em si mesmas (que nem “gralhas” chegam a ser), escritas ou lidas por estagiários mal preparados, mal pagos e, na maioria das vezes, desmotivados e sem perspectivas. Eles não são os verdadeiros culpados do que está a acontecer. O que me preocupa seriamente é que essa rapaziada não é seguida, não é orientada, não é ensinada por uma estrutura e uma hierarquia que, supostamente deveriam existir e constituir a referência do saber e da experiência. Mas, pelos vistos, elas não existem ou, se existem, estão-se perfeitamente nas tintas para tudo isto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais que pérolas, clássicos.

Anónimo disse...

O pior é que não são apenas os jornalistas, estagiários ou não, que escrevem mal. Na verdade, escreve-se genericamente mal. Infelizmente é frequente lerem-se relatórios, pareceres e artigos de opinião que deveriam ser claros e objectivos mas que não o são. Pouca gente percebe o que lá está escrito e quanto a erros de ortografia, a frases gramaticalmente mal construídas e à confusão generalizada entre a forma como devem construir as frases, dando-se preferência a “brasileiradas” do que à correcta fórmula portuguesa, aí, meus amigos, é o caos.
E já que aqui se falou no último texto do Professor Freitas do Amaral, deixem-me dizer-lhes que é um gosto ler os pareceres que escreve. Têm um português irrepreensível, são claros, são objectivos e, ao contrário de muitos juristas da nossa praça, não transmitem intenções dúbias. O que ali está escrito é exactamente aquilo que se quer dizer e não deixam dúvidas. Um bom exemplo que deveria constituir uma referência de como escrever BEM a nossa língua.