Na semana passada comemorou-se o Dia Europeu dos Vizinhos. Mais um dia de celebração internacional de que eu nunca tinha ouvido falar.
É verdade, nunca tinha ouvido falar em tal. Nem sequer dei conta que o comércio em geral tivesse feito qualquer campanha no sentido de nos levar a comprar uma lembrança para assinalar a efeméride, como sempre acontece quando se celebra um dia de qualquer coisa, nacional ou internacional.
Até por que, com a forma apressada como temos vivido nestas últimas décadas, nem nunca me passou pela cabeça que alguém se lembrasse de inventar um dia dedicado aos vizinhos, quando o próprio conceito está morto e enterrado há muito.
Quem é que hoje em dia conhece bem os seus vizinhos? Melhor, quem é que sabe quem são os seus vizinhos? Quem é que “tem tempo” para promover junto deles gestos de solidariedade e de ajuda? Quem é lhes dedica maior atenção do que uma simples e formal saudação de “Bom-Dia” ou de “Como está”?
Longe vão os tempos em que num prédio, numa rua, todos se conheciam e se interessavam pelas vidas uns dos outros (não estou a falar da coscuvilhice, que também existia, evidentemente), pela sua saúde, pela forma como de alguma maneira poderiam ajudar no que fosse necessário. Auxílios e favores que muitas vezes passavam por ficar com um miúdo enquanto os pais iam resolver qualquer assunto, por fazer companhia a um idoso que ficava sózinho em casa ou, até, por corresponder a um pedido de “empréstimo” de um pezinho de salsa ou uma chávena de açúcar, solicitação justificada normalmente pelo adiantado da hora, ou, na maioria dos casos, pela necessidade de um convívio social, muito comum noutras épocas e considerado agora como completamente desajustado.
Hoje, nem no próprio prédio em que habitamos conhecemos todos os outros vizinhos. Não sabemos os seus nomes nem o que fazem. Muitas vezes não sabemos sequer se são altos ou magros, pela simples razão de que nunca nos cruzámos. Quando muito, juntamo-nos numa reunião anual de condóminos a que, aliás, muitos faltam.
E se não os conhecemos, como podemos fomentar as relações com a vizinhança? Não podemos. Andamos demasiadamente ocupados com as nossas vidas stressadas, angustiadas e egoístas para nos determos em minudências, em detalhes que mais não são que a vida das pessoas que vivem paredes meias connosco.
Por sorte, no meu prédio vivem apenas dez famílias. Apesar disso, em três das fracções não faço a mínima ideia de quem lá vive. Estranho, por isso, quando me cruzo com desconhecidos no hall de entrada e o meu cumprimento não vai além de uma mero acto de boa educação. Será que vivem no edifício ou serão visitas de alguém?
Ainda assim, tenho o consolo de ouvir com frequência da boca de uma das moradoras:
“Bom dia, vizinho” ou, “Tá tudo bem, vizinho?”
É verdade, nunca tinha ouvido falar em tal. Nem sequer dei conta que o comércio em geral tivesse feito qualquer campanha no sentido de nos levar a comprar uma lembrança para assinalar a efeméride, como sempre acontece quando se celebra um dia de qualquer coisa, nacional ou internacional.
Até por que, com a forma apressada como temos vivido nestas últimas décadas, nem nunca me passou pela cabeça que alguém se lembrasse de inventar um dia dedicado aos vizinhos, quando o próprio conceito está morto e enterrado há muito.
Quem é que hoje em dia conhece bem os seus vizinhos? Melhor, quem é que sabe quem são os seus vizinhos? Quem é que “tem tempo” para promover junto deles gestos de solidariedade e de ajuda? Quem é lhes dedica maior atenção do que uma simples e formal saudação de “Bom-Dia” ou de “Como está”?
Longe vão os tempos em que num prédio, numa rua, todos se conheciam e se interessavam pelas vidas uns dos outros (não estou a falar da coscuvilhice, que também existia, evidentemente), pela sua saúde, pela forma como de alguma maneira poderiam ajudar no que fosse necessário. Auxílios e favores que muitas vezes passavam por ficar com um miúdo enquanto os pais iam resolver qualquer assunto, por fazer companhia a um idoso que ficava sózinho em casa ou, até, por corresponder a um pedido de “empréstimo” de um pezinho de salsa ou uma chávena de açúcar, solicitação justificada normalmente pelo adiantado da hora, ou, na maioria dos casos, pela necessidade de um convívio social, muito comum noutras épocas e considerado agora como completamente desajustado.
Hoje, nem no próprio prédio em que habitamos conhecemos todos os outros vizinhos. Não sabemos os seus nomes nem o que fazem. Muitas vezes não sabemos sequer se são altos ou magros, pela simples razão de que nunca nos cruzámos. Quando muito, juntamo-nos numa reunião anual de condóminos a que, aliás, muitos faltam.
E se não os conhecemos, como podemos fomentar as relações com a vizinhança? Não podemos. Andamos demasiadamente ocupados com as nossas vidas stressadas, angustiadas e egoístas para nos determos em minudências, em detalhes que mais não são que a vida das pessoas que vivem paredes meias connosco.
Por sorte, no meu prédio vivem apenas dez famílias. Apesar disso, em três das fracções não faço a mínima ideia de quem lá vive. Estranho, por isso, quando me cruzo com desconhecidos no hall de entrada e o meu cumprimento não vai além de uma mero acto de boa educação. Será que vivem no edifício ou serão visitas de alguém?
Ainda assim, tenho o consolo de ouvir com frequência da boca de uma das moradoras:
“Bom dia, vizinho” ou, “Tá tudo bem, vizinho?”
4 comentários:
Boa ideia! Vou começar a bater à porta da minha vizinha do lado para lhe pedir um pezinho de salsa. Eu mal a conheço mas ela é um espanto ...
Será que só não sabes se os teus vizinhos são altos ou magros? E quanto aos outros, por acaso conheces? Sabes se são jovens ou velhos, brancos ou pretos, brasileiros ou croatas, giraças ou mal-parecidas? Por acaso sabes? Sabes?
"Provocações" à parte, o que me faz vir aqui diariamente e por vezes anonimamente participar é a sensação de aceder a um local onde a "vox populi" se encontra bem representada e filtrada das muitas ameaças do nacional-futebolismo.
Mais que na lota de Matosinhos,num taxista ou barbeiro de Lisboa e sem os incómodos dos transportes públicos, aqui sente-se o pulsar do País de uma forma sensata e realista.
As recentes "Preocupações" aqui apresentadas fazem focar a atenção naquilo que verdadeiramente é importante e que devemos ter em conta se queremos ser cidadãos responsáveis.
Pronto. Ficou dito porque acho que um pequeno incentivo sincero faz sempre bem a todos.
Caro “anónimo”
Embora com pena de não saber a quem me estou a dirigir, já lhe fico grato por saber da sua assiduidade e do interesse que manifesta pelos meus modestos escritos.
Acredite que o tal “pequeno incentivo sincero” que, hoje, fez questão de tornar público, tansmitiu-me uma vontade ainda maior de continuar a manter este espaço que, gostosamente, partilho convosco.
Um abraço
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