terça-feira, junho 10, 2008

O dia de Portugal



Como se não tivessemos já problemos que cheguem para nos preocupar (será que vamos conseguir ganhar o europeu de futebol? Afinal, o Cristiano Ronaldo vai ou não para o Real Madrid?) ainda tinha que nos acontecer agora mais uma desgraça.

Então não é que o Presidente da República afirmou que hoje se comemora o “Dia da Raça”? Logo a primeira figura da Nação (depois do Cristiano) que, sem pudor, foi ao fundo do baú buscar uma terminologia fascista, racista e segregadora que se usou durante o Estado Novo?

Claro que o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista se apressaram a mostrar a sua “perplexidade” pelo facto do PR ter usado tal expressão e exigiram que ele esclarecesse o sentido das suas afirmações. Houve até alguns senhores que chegaram a comentar que, provavelmente, o Presidente não terá recuperado até hoje do trauma de ter militado na Mocidade Portuguesa.

Calma meus senhores, o caso não é assim tão grave. Cavaco Silva, reconhecemos todos, não possui o dom da oratória. Por isso se refugia tanto nos silêncios e nas palavras meias ditas. Durante anos ainda arranjou alguns estratagemas para não falar - a boca cheia de bolo-rei e, mais tarde, o famoso tabu, recordam-se?. Agora já vai dizendo algumas coisas mas procurando que as palavras saiam a conta-gotas para ter tempo de pensar muito bem no que vai dizer. Exige-se-lhe, como aos demais responsáveis políticos, contenção verbal e rigor nas afirmações, mas atribuir um significado especial – e político - a um mero “deslize linguístico” que, na minha opinião, mais não é que o recuperar de uma frase ouvida ao longo de muitos anos, parece-me exagerado.

E, afinal, porque é que o Presidente falhou? Simplesmente por ter afirmado, ao tentar fugir a uma pergunta incómoda, “Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.

O busílis, portanto, foi o de ter dito que o 10 de Junho era o dia da “Raça”, a expressão que o antigo regime chamava ao dia de Portugal. E se não se deram ao trabalho de ir consultar o dicionário, eu digo-lhes que a palavra “raça”, qual impropério, significa, entre outras coisas “conjunto dos ascendentes e dos descendentes de uma família ou de um povo, geração”. Portanto, o PR nem sequer cometeu um erro de linguagem, do ponto de vista semântico.

Então, hoje dia 10 de Junho, feriado nacional, comemora-se o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
Hoje, porque amanhã, quarta-feira, joga-se o Portugal – República Checa e, aí sim, para além do rigor exigido está também em causa o orgulho futebolístico nacional. O resto são cantigas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá...

Infelizmente não poderei comentar sobre futebol, mesmo sendo do país do futebol, entendo muito, só sei quando é gol e escanteio e quem corre na linha lateral é o bandeirinha.

Com relação ao Presidente, poderia perder horas falando do meu... mas nem vale a pena... só que eu não fui responsável por ele estar lá... (e tenho muita raiva dos "fome zero" que o colocaram lá, com suas frases feitas!)

Enfim...

Fazendo apenas uma visitinha!

Ótima semana!

Anónimo disse...

Que disparate! Até parece que o BE e o PCP não têm outros assuntos para se preocupar.

As suas “perplexidades” apenas servem para tentar criar um “caso político” sem qualquer interesse para os portugueses, nada mais.

Anónimo disse...

“O dia da Raça”. Há quanto tempo não ouvia essa expressão. Só que a forma como hoje é dita já não tem qualquer significado político. A não ser para aqueles partidos à esquerda do PS que pretendem pôr em causa tudo e todos, mesmo por questões de somenos importância. Para mais, muitos portugueses nem nunca tinham ouvido tal frase e, outros, dela já estavam esquecidos.

Porcos no Espaço disse...

É mesmo como dizes, o PR sabe que deve permanecer calado.

Sempre que puder, cale-se. Porque quando fala, dá nisto.