A propósito de turismo, um dos livros que estou a ler é “
Chamou-me a atenção um capítulo em que escrevia sobre americanos, descendentes de italianos, que pretendiam sentir-se menos americanos.
Dizia:
“O que significa sentir-se menos americano? Significa sentir-se mais europeu, desses europeus que são mediterrânicos, provençais, latinos e solares. Significa, por exemplo, tomar um aperitivo à hora dele, ao fim da tarde. Que tem um sentido oculto e profundo, na América – porque um aperitivo precede um jantar, essa coisa tão mediterrânica de sentar-se à mesa para uma refeição decente a horas “indecentes”, como às 8 ou às 9 p.m.. Os americanos, pelo contrário, não jantam – comem qualquer coisa ao fim do dia. O que quer que seja”.
Partilho, em parte, da sua tese. Nós europeus e sobretudo os latinos, gostamos de estar à mesa e não apenas para comer. É à mesa que confraternizamos com familiares e amigos, que fazemos negócios, que conquistamos amores. Costumo dizer que um dos prazeres da vida consegue-se, tão simplesmente, com um bom queijo, um bom vinho e uma boa companhia. Gostamos de jantar, de petiscar ou de tomar um copo. A mesa faz parte da nossa cultura.
Mas os tempos são outros e os hábitos estão a mudar. Já muitos portugueses se americanizaram e comem, também eles, qualquer coisa ao fim do dia. O que quer que seja. Por puro comodismo, para economizar, por dieta, por cansaço, porque se sentem bem com essa espécie de alimentação. Todas as motivações são válidas. E pelos relatos que vou ouvindo, estou em crer que bastante gente há muito que deixou de se sentar à mesa para comer uma refeição decente. Mesmo sendo latinos e europeus.
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