Eu sei que me estou a repetir e peço-vos desculpa por isso. Mas que querem, não consigo ficar indiferente perante a notícia de que certos gestores públicos portugueses ganham vencimentos substancialmente maiores do que algumas figuras de proa da cena mundial. Pessoas com um tipo de responsabilidade e visibilidade muito superiores às dos nossos executivos e que comandam países e instituições de uma outra dimensão.
Segundo o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, em 2009, Santos Ferreira (Presidente do BCP) e Armando Vara (Vice-Presidente do BCP com mandato suspenso) ganharam o dobro do salário de Barack Obama, enquanto que Rui Pedro Soares (o “boy” do PS e Ex-Administrador da PT), auferiu oito vezes mais do que o Presidente Norte-Americano.
A ser verdade - e não me admira nada que seja - trata-se de mais uma prova do estado a que isto chegou. Já sabíamos que Vítor Constâncio (ainda Governador do Banco de Portugal e próximo Vice-Presidente do Banco Central Europeu) ganha duas vezes e meia mais do que o Presidente da Reserva Federal Americana e, ficámos a saber agora, que Obama ganha muito mal em comparação com muitos dos nossos gestores públicos.
Dir-me-ão que o problema é que Obama recebe pouco. Pode ser que sim, mas acreditem que não estou minimamente interessado em saber se Obama ganha bem ou ganha mal. O que me interessa (e revolta) são os tais salários obscenos e completamente desajustados, ganhos por uns quantos, num país em dificuldades e em que a esmagadora maioria dos portugueses mal-pagos é chamado a contribuir para que Portugal saia do fosso em que se encontra.
Mas interessa-me também (e receio que isso venha a acontecer) a possibilidade de que em breve tenhamos alguns políticos americanos a bater-nos à porta para pedir emprego. É que aqui, pelos vistos – e nalguns estratos - cultiva-se a “Portuguese way of life”.
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