Há uns anos um vizinho confidenciava-me que tinha ido a Atenas em trabalho. Naturalmente perguntei se tinha gostado da capital grega e dos seus lugares mais conhecidos, tão carregados de História. A resposta veio pronta e completamente surpreendente:
“Em oito dias só saí do hotel uma única vez para visitar a cidade. De resto, fiquei pela piscina …”.
Nem queria acreditar. Então o fulano tinha a oportunidade de ir até ao outro lado da Europa e aproveitar a estadia para conhecer o Parthenon, andar pelas ruas da cidade, eu sei lá que mais, e ficava no hotel para banhar-se numa piscina que de Homérica pouco teria. Puro desperdício, pensava eu.
O tempo e as transformações que ele sempre trás, fez com que eu passasse a considerar o meu vizinho como um homem muito à frente do seu tempo. Mas só comecei a pensar nisso, quando se começou a falar em Couchsurfing, a maior rede social do mundo de alojamento gratuito, o chamado turismo de sofá. Um turismo que alberga “turistas” a quem já não interessa visitar os monumentos dos países que visitam mas que preferem tão-somente deslocar-se para conhecer pessoas de culturas diferentes, saber como elas vivem o dia-a-dia e viver isso com elas. Esse é o intuito, o resto já é passado.
Bem podem dizer-me que com a internet podemos visitar, e em pormenor, os lugares mais longínquos e inóspitos do mundo. É verdade que sim, só que, nada substitui o nosso olhar. O estar lá e o vermos as coisas com os nossos olhos é completamente diferente de vermos as mesmas paisagens ou locais em belíssimas fotografias ou pela net, ainda que essas imagens sejam de altíssima qualidade.
Eu que sou doutros tempos e que continuo a interessar-me por belas e exóticas paisagens e monumentos com história, olhados e admirados no próprio local, não consigo ficar indiferente ao facto de dois em cada mil portugueses estarem disponíveis para dormir em casa de desconhecidos fora do país e para acolher, em troca, estrangeiros na própria casa, oferecendo-lhes dormida e companhia.
Turismo de sofá? Não, para mim não, obrigado.
1 comentário:
A questão, para além do preço, é juntar os monumentos com conhecer nativos. E estes muitas vezes indicam sítios extremamente interessantes que fogem aos roteiros turísticos.
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