sexta-feira, abril 27, 2012

Ah, pensavam que não era possível? Pois bem, é!


De há muito que as boas práticas mandam que, para se mexer nas nossas contas bancárias (a débito), é necessário que haja a autorização dos clientes. Pela assinatura dos titulares necessários ou pela digitação de uma senha associada ao cliente e à conta. É uma condição assumida quer pelos clientes quer pelos bancos como segurança do normal funcionamento das operações e que expressa a confiança entre os cidadãos e o sistema bancário. Assim, temos a certeza de que as nossas contas só são debitadas quando nós autorizamos, certo? Sim … em princípio. Com excepção do pagamento de portagens e alguns outros (poucos) serviços, para nos “tirarem” dinheiro da conta só com a nossa autorização.
Mas há casos que, às vezes, fogem a essa obrigatoriedade. Como aconteceu na situação que passo a contar:

“uma senhora comprou na Zara uma peça que estava marcada por 9,90 euros. Dias depois reparou que no seu extracto, além da referida importância, a Zara tinha debitado também (sem a sua autorização) outros 3,00€. Contactada a loja recebeu como explicação que, afinal, tinha havido um erro de marcação e que a referida peça custava não 9,90 mas 12,90. Daí que tenham dado ordem à Unicre (a gestora dos cartões) para debitar os tais 3,00 euros. Resta dizer que o Millenium-BCP (o banco da senhora) aceitou o débito. Tudo se passou sem a autorização da cliente”.
O procedimento da Zara parece ser usual. Quando há enganos regularizam mais tarde e a Unicre e o Banco (pelo menos o BCP) aceitam sem discussão, independentemente das verbas em causa. Neste caso foram 3 euros mas podiam ter sido muitos mais.

Como afirmei, a nossa relação com o sistema é baseada na confiança. Acreditamos que as transacções são secretas e a nossa conta só é movimentada a débito quando nós autorizamos. Por isso me indigno quando oiço relatos como este que vos contei em que esses princípios são esquecidos sem qualquer escrúpulo.

Incomoda-me a ideia de ver uma marca (de uma empresa, de alguém) alijar a responsabilidade por um erro que cometeu e de não assumir os respectivos custos. Não me parece que seja uma boa prática comercial nem séria. Incomoda-me também que a gestora de cartões, com um simples telefonema de uma loja, vá à conta de qualquer de nós e retire dinheiro sem que o cliente seja ouvido ou achado. E incomoda-me, ainda, que um banco tenha um sistema informático que permita situações como esta.
A partir de agora teremos que pensar duas vezes se podemos, ou não, ter confiança na Zara, na Unicre e em alguns bancos.

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