quinta-feira, abril 19, 2012

Vai haver subida dos salários?


Desde há algum tempo que Pedro Passos Coelho vem defendendo que os subsídios de Férias e de Natal sejam distribuídos ao longo dos 12 meses do ano. Isto, claro, quando voltarem a ser pagos.

Pessoalmente, não me faz grande transtorno. Se ganhar – e isto é um “supônhamos” – 14 000 mil euros num ano (1 000,00 mensais) ou 1 166,66 em cada mês, o dinheiro de que disponho é rigorosamente o mesmo, sem tirar nem pôr. Mas isso é para mim que sou um tipo organizadinho e que sei fazer contas. Contudo, se tal vier a acontecer, acredito que a maioria das pessoas - e das empresas – possam ficar em transe. Porquê? Genericamente porque estão organizados de uma determinada forma e vai ser difícil alterar o padrão adoptado há muito. E existem razões que o justifiquem. Vejamos:

Relativamente aos particulares, se é facto que o salário mensal pode subir (ficticiamente como se viu), a verdade é que quando chegarem os grandes meses – aqueles em que receberiam os subsídios – não têm os tais ordenados a mais que dava para fazer turismo, pagar uns seguros, o IMI, a revisão do automóvel ou as propinas dos colégios dos filhos, de comprar uns presentes para oferecer ou umas peças de roupa ou, ainda, para resolver umas dívidas pendentes. Claro que, “subindo” os rendimentos mensais, as retenções na fonte de IRS também subiriam mas, no final, tudo seria pouco mais ou menos o mesmo.

Quanto às empresas, aparentemente ficariam com uma gestão facilitada porque o pagamento dos 13º e do 14º meses deixaria de criar os malfadados picos de tesouraria e, este faseamento, permitiria uma gestão de caixa mais equilibrada, com a possibilidade até de poderem fazer algumas aplicações financeiras sempre que chegasse dinheiro fresco proveniente das vendas.

Só que, como referi, era necessário alterar toda a estrutura mental de trabalhadores e empresários e arranjar novos mecanismos de gestão quer das famílias quer das empresas. Implicaria também novos hábitos de consumo e de poupança e a preocupação da retenção de provisões que pudessem suster custos inesperados ou já programados. Mas isso (o que já é muito) não bastará. É necessário não esquecer que há complementos salariais que estão indexados ao vencimento mensal como, por exemplo, os subsídios de turno ou nocturnos, e não me parece que as empresas estejam receptivas à subida dos custos.

O Primeiro-Ministro vai sistematicamente insistindo mas o consenso tarda. Porém, se a coisa for para a frente, não nos resta outra alternativa do que dizer como o Dr. António Vitorino: HABITUEM-SE!

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