Desde há algum
tempo que Pedro Passos Coelho vem defendendo que os subsídios de Férias e de
Natal sejam distribuídos ao longo dos 12 meses do ano. Isto, claro, quando
voltarem a ser pagos.
Pessoalmente, não
me faz grande transtorno. Se ganhar – e isto é um “supônhamos” – 14 000 mil
euros num ano (1 000,00 mensais) ou 1 166,66 em cada mês, o dinheiro de que
disponho é rigorosamente o mesmo, sem tirar nem pôr. Mas isso é para mim que
sou um tipo organizadinho e que sei fazer contas. Contudo, se tal vier a
acontecer, acredito que a maioria das pessoas - e das empresas – possam ficar
em transe. Porquê? Genericamente porque estão organizados de uma determinada
forma e vai ser difícil alterar o padrão adoptado há muito. E existem razões
que o justifiquem. Vejamos:
Relativamente aos
particulares, se é facto que o salário mensal pode subir (ficticiamente como se
viu), a verdade é que quando chegarem os grandes meses – aqueles em que receberiam
os subsídios – não têm os tais ordenados a mais que dava para fazer turismo,
pagar uns seguros, o IMI, a revisão do automóvel ou as propinas dos colégios
dos filhos, de comprar uns presentes para oferecer ou umas peças de roupa ou,
ainda, para resolver umas dívidas pendentes. Claro que, “subindo” os
rendimentos mensais, as retenções na fonte de IRS também subiriam mas, no
final, tudo seria pouco mais ou menos o mesmo.
Quanto às empresas,
aparentemente ficariam com uma gestão facilitada porque o pagamento dos 13º e
do 14º meses deixaria de criar os malfadados picos de tesouraria e, este
faseamento, permitiria uma gestão de caixa mais equilibrada, com a
possibilidade até de poderem fazer algumas aplicações financeiras sempre que
chegasse dinheiro fresco proveniente das vendas.
Só que, como
referi, era necessário alterar toda a estrutura mental de trabalhadores e
empresários e arranjar novos mecanismos de gestão quer das famílias quer das
empresas. Implicaria também novos hábitos de consumo e de poupança e a
preocupação da retenção de provisões que pudessem suster custos inesperados ou
já programados. Mas isso (o que já é muito) não bastará. É necessário não
esquecer que há complementos salariais que estão indexados ao vencimento mensal
como, por exemplo, os subsídios de turno ou nocturnos, e não me parece que as
empresas estejam receptivas à subida dos custos.
O Primeiro-Ministro
vai sistematicamente insistindo mas o consenso tarda. Porém, se a coisa for
para a frente, não nos resta outra alternativa do que dizer como o Dr. António
Vitorino: HABITUEM-SE!
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