Não devo ter reparado numa notícia que foi
publicada por um matutino no início do ano. Felizmente que, por estes dias, um
programa de televisão de um dos canais generalistas, voltou a falar no assunto
e, agora sim, eu tomei conhecimento de mais esta escandaleira que subsiste à
custa dos impostos dos contribuintes. Eu explico:
Na Assembleia da República existem dois
restaurantes de luxo reservados a deputados e aos seus convidados, bares e uma
cantina onde vão sobretudo os funcionários da casa. Até aqui não há problema,
quem ali trabalha tem mesmo que comer. Nem mesmo o facto de haver dois
restaurantes de luxo suscita qualquer questão. Os deputados (que não ganham
propriamente uma miséria) são livres de gastar o seu dinheiro onde e como muito
bem entendem.
Onde a coisa já cheira a esturro (já que estamos a
falar em comida) é no preço que os senhores deputados pagam para se
banquetearem nesses restaurantes. Para perceber melhor do que estou a falar,
vejamos como é constituído um menu de um almoço buffet de um dos dias da
semana:
“sopa de cebola, arroz de
tamboril com gambas e salsichas em couve lombarda. Mesa de fritos, uma outra
vegetariana, mais uma de doces e frutas e outra de queijos”.
Tudo isto por uns módicos
10 euros por pessoa. Suponho que não estarão incluídos os vinhos e espumantes
de marca nem os cafés de exóticos aromas. Só faltava essa … Por este preço o cidadão
comum só conseguirá comer uma refeição normalíssima num tasco banal sem
quaisquer requintes.
E a minha indignação é
exactamente essa. Numa altura em que os sacrifícios são pedidos constantemente a
uma população já tão castigada, faz algum sentido que os contribuintes continuem
a subsidiar as refeições de restaurantes de luxo para pessoas que, de certo
modo, já são privilegiadas?
Será que o Conselho de
Administração da Assembleia da República, e os deputados que tanto se
preocuparam com os custos da Parque Escolar na modernização das escolas, já ouviram
falar em equidade de sacrifícios e justiça social?
Estamos em Abril. Talvez
seja uma boa altura de recordar ao nosso Parlamento e a quem lá manda, uma das
promessas do Abril de 1974: “mais igualdade e melhor repartição dos bens”. E
isso, ao que parece não está a acontecer …
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