Quando ouvi a notícia nem
queria acreditar. O presidente da Caixa Geral de Depósitos foi nomeado para a
presidência da Associação Portuguesa de Bancos. E o que é que isso tem de mal,
perguntarão. Nada, respondo. Nada, a não ser o facto da mesma pessoa vir a ser o
presidente da Caixa e, simultaneamente, o presidente da APB que, como se sabe,
é um lóbi do sector privado. E mais, ao que veio a público, o Eng.º. Faria de
Oliveira resolveu optar pelo salário que lhe vai pagar a APB (que é três ou
quatro vezes maior do que ganha actualmente) e prescindir, portanto, do salário que aufere como presidente
da Caixa. Ou seja, o vencimento de um presidente da Caixa Geral de Depósitos
(cujo acionista único é o Estado) vai ser pago pela Associação da banca
privada!
Aqui se regista a novidade. É
que, no passado, pessoas como João Salgueiro ou António de Sousa, por exemplo, também
foram presidentes da CGD e passaram a ser – depois - presidentes da APB. Sublinho:
depois, não ao mesmo tempo.
No caso presente, o que me
inquieta é o conflito de interesses que a questão suscita. Sentir que, num
primeiro momento, o presidente da Caixa está a representar o Banco do Estado e,
num momento seguinte, pode estar a defender a Banca privada, cujos interesses
não são, regra geral, coincidentes.
E, naturalmente, sem me estar a
referir em concreto a Faria de Oliveira, esta simultaneidade de funções pode
proporcionar situações mais nublosas como sejam o tráfico de influências,
corrupção ou outras. Mas mesmo que isso não aconteça há sempre o problema da ética
(ou da falta dela).
Como dizia o João Cravinho há
dias: “O simples facto de existir esta
situação é em si mesmo prova da existência de uma enorme menoridade moral à
frente do País …”
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