terça-feira, março 09, 2010

O PEC

A coisa complicou-se de tal forma que agora têm que ser tomadas medidas drásticas para reduzir o deficit até ao nível previsto pela União Europeia. Medidas que, inevitavelmente, passam pelo bolso de todos nós.

Já prevíamos que isso iria acontecer mas, se dúvidas houvesse, José Sócrates e Teixeira dos Santos vieram ontem anunciar o que de mais importante foi decidido para tentar controlar as contas públicas até 2013. E o PEC, a apresentar em Bruxelas, tem que demonstrar inequivocamente que o nosso país vai dar passos firmes para atingir esse objectivo. É o que esperam os senhores da União Europeia, é o que esperam os patrões dos mercados internacionais que decidem se sobem ou descem os juros dos dinheiros com que nos endividamos e é o que esperamos nós, ao tentar perceber se todos os sacrifícios que fazemos têm algum sentido.

Mas claro que o dinheiro tem que aparecer de algum lado. Assim, uma fatia desses muitos mil milhões que precisamos poupar, tem que ser recuperada pelo congelamento dos salários dos funcionários públicos, pela criação de um tecto máximo para benefícios fiscais e deduções no IRS, por um corte de 0,5% nos gastos com prestações sociais e pelo pagamento das auto-estradas que até aqui eram de borla.

Porque o Governo não pode mandar tirar fotocópias das (poucas) notas que ainda tem no Banco de Portugal nem vai – formalmente – fazer subir os impostos, a situação parece estar à beira de um beco sem saída.

Sócrates afirmou que espera conseguir um consenso político e social com os partidos da oposição sobre as medidas do PEC. E realmente fez um piscar de olhos à direita (ao adiar a construção de dois troços do TGV) e à esquerda (ao criar um escalão de 45% no IRS para rendimentos superiores a 150 mil euros), mas o Governo não teve a coragem de piscar o olho aos cidadãos. É que nós sabemos que o desemprego não baixará dos 9% até 2013 e desconfiamos que o pedido de sacrifícios não se fique por aqui.

1 comentário:

olavretni disse...

Mesmo sem haver aumento de impostos, formalmente como dizes, no caso das deduções, já se estima que o agravamento do IRS vá afectar mais de 2,5 milhões de contribuintes.

E não nos esqueçamos que o congelamento dos salários dos funcionários públicos vão ser uma fonte inspiradora para os privados que vão querer utilizar a mesma cartilha.